Fósseis de serpentes (ophidia, squamata) da falésia do sismito, formação Alcântara (albiano/cenomaniano, cretáceo), do Maranhão

Abstract

RESUMO A Formação Alcântara é uma das unidades litoestratigráficas da Bacia de São Luís e aflora em cortes de estradas e falésias costeiras no norte do Estado do Maranhão. Entre essas, está a Falésia do Sismito, localizada na Ilha do Cajual, município de Alcântara, que documenta o período Cenomaniano a partir dos fósseis que demonstram uma paleofauna bem diversificada incluindo dinossauros, peixes, serpentes, entre outros. A ocorrência de serpentes da Era Mesozoica, na América do Sul, é documentada principalmente na Argentina, com um registro significativo representado por espécies extintas como Najash e Dinilysia. No Brasil, o registro fóssil de serpentes para o Mesozoico ainda é bastante escasso, sendo representado apenas por uma vértebra isolada de Boipeba tayasuensis (proveniente de uma estrada rural entre os municípios de Monte Alto e Taiaçu, São Paulo), e duas de Seismophis septentrionalis (provenientes da Falésia do Sismito, Formação Alcântara, Maranhão). O presente estudo objetiva a análise de três vértebras médias de Seismophis septentrionalis, oriundas do afloramento Falésia do Sismito, Formação Alcântara, Maranhão, e a análise de elementos morfológicos que possam levar a uma identificação taxonômica mais acurada. Os espécimes, mesmo com algumas partes obstruídas ou deterioradas, compartilham entre si a ausência de forame paracotilar e de processos prezigapofiseais, profunda marcação em V e cristas subcentrais e cristas parasagitais fortemente marcadas. Esse conjunto de caracteres é, até o momento, visto apenas em Seismophis. Esses novos achados reafirmam a presença de um dos grupos mais primitivos de serpentes no litoral maranhense, no Cenomaniano, e auxiliam no entendimento de questões sobre a origem e diversificação das serpentes durante o Cretáceo na América do Sul.