Análise dos efeitos do extrato da semente de açaí (Euterpe oleracea Mart.) em modelos in vitro e in vivo de câncer de mama

Abstract

RESUMO

A Euterpe oleracea Mart. (EO), têm diversas atividades farmacológicas presentes na casca, polpa e sementes. O câncer de mama é o tipo de câncer com maior incidência no mundo e no Brasil entre as mulheres. Apesar dos avanços terapêuticos, o tratamento do câncer ainda é um desafio. Nesse sentido, estudos evidenciam a importância dos produtos naturais como fontes de compostos bioativos que possam atuar na quimioprevenção do câncer. O açaí possui componentes polifenólicos com atividades antioxidantes, além de ácidos fenólicos, lignanas e flavonoides com atividades anti-inflamatória e antitumoral. O objetivo do trabalho é a análise dos efeitos do extrato da semente do açaí em modelos in vitro e in vivo de câncer de mama. O fruto foi coletado no Parque da Juçara (Maracanã, São Luís, Maranhão). O extrato foi obtido e caracterizado através de analise fitoquímica. Foram analisados viabilidade celular, morfologia, apoptose e autofagia nos ensaios in vitro nas células de adenocarcinoma de mama (MCF-&). A linhagem de MCF-7 foi tratada em quatro concentrações (0,25, 2,5, 25 e 250 μg/mL) em 24, 48 e 72 horas e analisadas. O ensaio de MTT(3-(4,5-Dimethylthaizol-2-yl)- 2,5-diphenyltetrazolium bromide) demonstrou redução na viabilidade celular. Através do ensaio clonogênico, observou-se que o extrato da semente de açaí reduziu a formação de colônias. Através do ensaio Anexina V não houve morte celular por apoptose. O tratamento com extrato aumentou a produção de radicais livres. O ensaio de laranja de acridina evidenciou aumento na formação de vesículas ácidas, sugestivas de autofagia. A microscópia eletrônica de transmissão confirmou a formação de vesículas autofágicas. No segundo momento, analisou os efeitos do extrato da EO por modelo experimental in vivo. O tumor de Ehrlich é um adenocarcinoma mamário de camundongos agressivo que encontramos de forma ascítica e sólida. O modelo experimental utilizou-se camundongos Swiss machos que foram divididos em 8 grupos (n=4/grupo): Grupo controle negativo(tratamento com salina), Grupo controle positivo (tratamento com ciclofosfamida 20mg/Kg após inoculação do tumor), Grupo preventivo 100mg/Kg (tratado com extrato EO), Grupo preventivo 300mg/Kg (tratado com extrato EO), Grupo 1000mg/Kg (tratado com extrato EO), Grupo terapêutico 100mg/Kg (tratado com EO após inoculação do tumor), Grupo terapêutico 300mg/Kg (tratado com extrato EO após a inoculação do tumor) e Grupo terapêutico 1000mg/Kg (tratado com extrato EO após a inoculação do tumor). O tratamento preventivo com extrato de açaí iniciou 30 dias antes da inoculação, assim como o controle negativo com salina por gavagem. As células do inóculo com tumor sólido de Ehrlich foram preparadas com densidade de 2,5x106 células/60μL/animal em PBS (inóculo no dorso). Após o inóculo, o tratamento preventivo e terapêutico foi mantido por 15 dias de gavagem do extrato EO, assim com o controle negativo por gavagem de salina. O controle positivo iniciou os demais dias com a quimioterápica ciclofosfamida via intraperitoneal. Os resultados mostraram que o extrato de açaí não demonstrou toxicidade, assim como não houve variação de peso corporal e nem peso dos órgãos (fígado e rim) após indução com tumor sólido de Ehrlich induzida. No entanto, grupo controle positivo houve redução de peso, assim como reduções de leucócitos totais, neutrófilos e linfócitos. Também houve o aumento de TNF nos grupos preventivos 1000mg/Kg. O extrato do açaí mostrou uma redução significativa no tamanho do tumor no grupo preventivo com tratamento na concentração 1000mg/Kg, desta forma evidenciando a efetividade em efeitos antiproliferativos e antitumorais com o açaí. Com isso, o açaí tem potencial farmacológico terapêutico promissor no tratamento adjuvante do câncer de mama.