TRATAMENTO CONSERVADOR DE DENTE DECÍDUO COM FRATURA RADICULAR: Um relato de caso.

Abstract

O trauma dentário é a repercussão clínica de um impacto externo sofrido pelos dentes e que pode afetar tecidos duros e/ou moles. Na dentição decídua acontece com maior frequência entre 1 a 3 anos de idade, em crianças do gênero masculino e na região central da maxila, uma vez que na fase de desenvolvimento da criança há maior suscetibilidade a acidentes. A fratura radicular é um dos tipos de trauma dentário que acomete tecidos duros e moles, tem baixa prevalência na dentição decídua (1 - 4%) e, por isso, é considerado um evento raro. Clinicamente pode apresentar mobilidade da coroa e pode estar ou não associada a deslocamento dentário Segundo a International Association of Dental Traumatology (IADT), para casos de grande mobilidade e grande deslocamento coronário em dentes decíduos, uma opção de terapêutica é a estabilização com contenção flexível com o intuito de possibilitar a cicatrização gengival e redução de mobilidade. Diante do exposto sobre a baixa frequência desse tipo de trauma, o objetivo desse trabalho de conclusão de curso foi relatar a execução de um tratamento conservador de dente decíduo acometido de fratura radicular. Neste relato de caso, uma paciente do gênero feminino, leucoderma, 3 anos de idade, normorreativa, e em fase de dentição decídua, sofreu uma queda da própria altura. Após exame clínico, foi constatada pequena lesão na região interna do lábio superior e inferior, tecido gengival edemaciado na região dos incisivos 51 e 61 e pequena laceração na gengiva marginal do dente 61, que também apresentava mobilidade grau 2 (excedendo 1mm no sentido horizontal), porém sem deslocamento do alvéolo. Radiograficamente foi observada uma fratura radicular horizontal no terço apical do dente 61. Quanto ao aspecto oclusal, foi observada sobremordida (overjet de 4mm). Foi realizada desinfecção da região, anestesia local e a instalação de uma contenção flexível com fio de nylon e resina composta, que permaneceu por um período de 4 semanas. A paciente também foi submetida a três sessões de laserterapia com laser de baixa potência (InGaAIP-MMOptics/100mW). Após 7 meses de acompanhamento, observou-se redução da mobilidade dentária para grau 1 e que houve reabsorção fisiológica do fragmento apical da raiz, sem sintomatologia dolorosa, sinais de infecção ou de necrose pulpar. Assim, conclui-se que o tratamento de fratura radicular em dente decíduo, com uma terapêutica conservadora, foi efetivo para o período de sete meses de acompanhamento do trauma.