CULICOIDES (DIPTERA, CERATOPOGONIDAE) ASSOCIADOS A VERTEBRADOS ENDOTÉRMICOS EM AMBIENTE DE MANGUEZAL, NO LITORAL DO ESTADO DO MARANHÃO

Abstract

Introdução. O gênero Culicoides pertence à família dos ceratopogonídeos e é composto de pequenos insetos hematófagos, popularmente denominados de maruins. Estes dípteros possuem relevada importância epidemiológica, por transmitirem protozoários e nematódeos a aves e mamíferos; vírus Oroupoche ao homem e Vírus da Língua Azul a ruminantes. Os seus criadouros ocorrem próximos a corpos d’água e locais ricos em matéria orgânica, sendo abundantes em áreas de mangue. Contudo, até o momento não existe nenhum estudo destes insetos em manguezal da ilha de São Luís. Objetivo. Estudou-se a comunidade de maruins em ambiente de manguezal, com o intuito foi de relacionar parâmetros ecológicos com a estratificação vertical dos maruins no mangue, os diversos ecótopos, com ocorrência de vertebrados endotérmicos e fatores meteorológicos da área estudada. Metodologia. O estudo foi realizado em quatro áreas de manguezais na localidade de Panaquatira, costa norte de São José de Ribamar, ilha de São Luís-MA. Em cada área foram instaladas 4 armadilhas luminosas tipo CDC. Os maruins foram coletados, uma vez por mês, de fevereiro a novembro de 2017, sendo cinco meses na estação chuvosa e cinco meses na estação seca. Dados sobre a ocorrência de aves e mamíferos e sobre parâmetros meteorológicos foram coletados. Resultados. No total, foram coletados 12.133 indivíduos pertencentes a 13 espécies, sendo Culicoides flavivenula a espécie mais abundante, contribuindo com 80,5% da amostra total. Foram observadas diferenças na abundância e riqueza das espécies na estratificação vertical (copa-solo) e horizontal (entre os pontos). As quatro espécies mais abundantes ocorreram em todos os pontos, mas variaram na abundância. Houve uma relação positiva entre dois fatores meteorológicos, a umidade e a pluviosidade média mensal, com a variação na abundância das espécies, não ocorrendo o mesmo com a temperatura. Não houve associação entre a abundância de maruins e a ocorrência de vertebrados nos pontos de coleta, mas sim entre os estratos copa-solo. Conclusão. A comunidade de maruins estudada é rica e abundante, com espécies presentes o ano inteiro, porém, mais abundante na estação chuvosa. A diversidade e a equitabilidade das áreas revelou diferenças na composição de maruins, relacionados a diferenças nos substratos do local e da influência da pluviosidade que diminui a salinidade favorecendo o desenvolvimento de imaturos. Não houve associação direta com os maruins e vertebrados silvestres no local, mas a presença de uma comunidade diversa de aves e mamíferos além do próprio homem sustém a biota de maruins no local.