Trabalho Materno e Negritude: Estratégias de maternagem de mães de meninos negros diante do racismo estrutural

Abstract

O racismo pode assumir várias formas: pode estar presente nas escolas, nos hospitais, no sistema de justiça e na política. Suas ramificações afetam não só o âmbito social, mas o familiar, de modo que famílias negras precisam lidar com uma discriminação capaz de afetar seus filhos desde cedo. Dito isso, este trabalho tem como objetivo analisar as estratégias de maternagem de mães de meninos negros diante do racismo estrutural. Para a realização deste trabalho apresento uma contextualização histórica dos efeitos do racismo estrutural na infância, juventude, família e maternagem de pessoas negras no Brasil. Apresento também as noções de sentido que mulheres mães negras de meninos/jovens negros atribuem à maternagem e ao racismo. A pesquisa de campo foi desenvolvida por meio da realização de entrevistas semiestruturadas com cinco mulheres mães (negras) de meninos/jovens (negros) entre 11 e 19 anos de idade e teve como base os pressupostos teórico-metodológicos da psicologia histórico-cultural de Lev Vygotsky. Nosso intuito era compreender a experiência de maternagem dessas mulheres mães e discutir sobre suas estratégias de educação familiar antirracista. A partir das análises feitas, foi constatado que as participantes têm como estratégias para lidar com o racismo sofrido pelos filhos: o desenvolvimento da empatia; valorização de sua identidade enquanto negros através do aprendizado sobre sua história e ancestralidade; inserção em movimentos sociais antirracistas. Também destacam a importância do apoio familiar diante de situações de discriminação, em que apontam que a melhor forma de proteção é aquela fundamentada na consciência e reconhecimento do problema, e não no silêncio.