FOTOETNOGRAFIA NUMA INSTITUIÇÃO TOTAL: Reflexões sobre os ajustamentos secundários e as estratégias de manutenção do self numa casa de detenção em Imperatriz – MA

Abstract

A Central de Custódia de Presos da Justiça de Imperatriz (CCPJ-ITZ) é a unidade prisional, do interior do Maranhão, com a maior população carcerária em regime fechado. Considerando-a como instituição total, o presente artigo propôs analisar um conjunto de interações e formas de manutenção do self, por meio da análise dos ajustamentos secundários, uma forma de, ao mesmo tempo, resistir às normas impessoais da instituição total e produzir ou ressignificar as normas institucionais, de modo a construir uma espécie de microssociedade no ambiente das celas. Partindo dos estudos de Goffman (2001 e 2010), foram realizadas observações cotidianas e um conjunto de imagens para descrever o cenário (um corredor e suas celas adjacentes) onde os detentos constroem suas identidades e estabelecem as principais interações sociais. Associada à análise da vida cotidiana, adotou-se a abordagem fotoetnográfica trabalhada por Achutti (2004), a qual busca articular a análise de imagens com a abordagem etnográfica. Com essas orientações foi possível observar e refletir sobre as micro relações estabelecidas no cotidiano do presídio investigado, apontando para as formas e redes de comunicação e sociabilidade que os detentos constroem numa situação de institucionalização. Constatou-se que, a despeito da tarefa de mortificação do self dos internos por parte da instituição total, os detentos resistem, burlam e criam formas alternativas de sociabilidade com vistas a protegerem, cada qual, o seu próprio self.