Os três estágios da existência e a busca de sentido na filosofia de Kierkegaard

Abstract

RESUMO: O presente trabalho tem por objetivo explicitar os estágios existenciais da filosofia de Søren Kierkegaard. O autor dinamarquês desenvolveu uma filosofia que se concentra na subjetividade do indivíduo e que tem como finalidade afastar o homem da multidão, retomando a maiêutica socrática para revelar as contradições, os dramas e os conflitos da existência. A oscilação do homem em busca de si mesmo e de um sentido para a própria vida, acaba motivando-o a mergulhar nas formas existenciais. Dessa maneira, a não realização do eu desperta Kierkegaard a situar o homem a partir de três possibilidades existenciais: o estágio estético, ético e religioso. Em virtude disso, ao retratar tais estágios, Kierkegaard faz uso da comunicação indireta. Os pseudônimos são como espelhos que caracterizam determinada realidade e recebem a designação de alegorias do homem em determinado tempo, de acordo com seu contexto. À vista disso, o presente trabalho será dividido em três momentos. No primeiro capítulo, abordaremos o estágio estético, onde discutiremos as implicações do indivíduo que é prisioneiro das vaidades geradas pela muitas escolhas disponíveis ao seu redor. Neste momento existencial, o sedutor Johannes fica preso ao que é imediato e efêmero, o que o leva ao desespero, pois não se baseia em atos de eternidade e nem se volta para a interioridade. No segundo capítulo, o foco será o estágio ético. Essa etapa existencial é marcada pela personificação da escolha de si mesmo e na adequação às leis e valores universais. Viver eticamente é escolher a si mesmo, cumprir deveres sociais, não fugir das responsabilidades e recusar prazeres imediatos. No entanto, a postura ética não permite a transcendência dos costumes e o indivíduo não pode reivindicar uma interioridade, pois responde aos ditames do universal. O desespero na moralidade surge das inúmeras obrigações e deveres que são impostas ao homem. Mas, para dar um salto existencial, é necessário que o sujeito se apegue à sua liberdade e escolha manter sua decisão na fé em direção a Deus. Por fim, no último capítulo, abordaremos o estágio religioso. Kierkegaard entende que apenas aceitando a Deus o homem alcança uma existência autêntica, realizando-se plenamente pela fé. Contudo, ao optar pela fé, o indivíduo se afasta da realidade concreta e busca confirmação na interioridade subjetiva, encontrando refúgio no divino. O exemplo desse estágio é ilustrado pelo dilema de Abraão: o ato de sacrificar seu filho Isaque para cumprir o dever divino é prova do propósito superior. Nesse sentido, veremos que, no estágio religioso, a vontade de Deus é soberana e exige renúncia. Dito isso, o estudo se configura como uma pesquisa qualitativa de revisão de literatura, fundamentada no procedimento técnico bibliográfico, utilizando alguns escritos de Kierkegaard, tais como: Diário de um Sedutor, Temor e Tremor, O Desespero Humano, Ou/Ou: Um Fragmento de Vida, As Obras do Amor, entre outros. Além disso, foram consultadas referências de especialistas que contribuíram para a compreensão do contexto histórico e para a análise conceitual do pensamento de Søren Kierkegaard, constituindo-se em fontes recorrentes ao longo da realização deste trabalho, como dissertações, teses e artigos científicos