Aspectos biológicos em diferentes escalas espaciais e temporais para Bagre bagre (Linnaeus, 1766) oriundos da pesca por rede de tapagem no Golfão Maranhense, Amazônia Oriental

Abstract

O bagre-bagre, ou bandeirado, é uma espécie de peixe migratório que utiliza ambientes estuarinos para reprodução, sendo importante na pesca artesanal do litoral brasileiro. No entanto, a degradação dos estuários devido à expansão das atividades antrópicas tem afetado esses habitats essenciais, gerando estresse nos peixes e comprometendo seus ciclos biológicos, o que ameaça a sustentabilidade de espécies como o Bagre bagre. Nesta perspectiva, o presente estudo avaliou os aspectos biológicos do B. Bagre, capturado por rede de tapagem, envolvendo a Baía de São José e Baía de São Marcos (Golfão Maranhense). Os dados utilizados nesta pesquisa foram obtidos a partir de compilações de informações realizadas pelo Laboratório de Ictiologia e Recursos Pesqueiros da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), com base em monitoramentos ambientais anteriores da biota aquática no Golfão Maranhense. A amostragem envolveu uma escala temporal de seis anos (2014 a 2020). Após a captura os peixes foram acondicionados em sacos plásticos, e conservados em caixa de isopor com gelo sendo transportados até o laboratório da Universidade Federal do Maranhão. Foram analisadas as medidas biométricas de comprimento total (cm), peso total (g), classificação do sexo e estádio gonadal dos espécimes. Na Baía de São José, foram amostrados 1071 exemplares (531 fêmeas e 540 machos). Os machos apresentaram tamanho médio de 20,5 cm e peso de 61,95 g, enquanto as fêmeas apresentaram, em termos médio, comprimento de 23,6 cm e peso de 92,68 g. A relação peso/comprimento indicou crescimento alométrico positivo. Ambos os sexos apresentaram dois picos reprodutivos no fator de condição, entre março e maio e entre setembro e novembro. O comprimento médio de primeira maturação (L50) foi de 17,09 cm e 23,8 cm para as fêmeas e machos, respectivamente. Na baía de São Marcos foram registrados 118 exemplares (37 machos e 81 fêmeas). Os machos apresentaram comprimento e peso médio de 26,4 cm e 128,61 g, respectivamente. Já as fêmeas, os valores médios foram de 41,4 cm e 192,79 g para comprimento e peso, respectivamente. A relação peso/comprimento resultou em um crescimento alométrico positivo. O fator de condição foi mais baixo nos meses de fevereiro e março e o L50 foi de 20,11 e 25,28 cm para fêmeas e machos, respectivamente. Observou-se que Baía de São José é utilizada como área de crescimento, alimentação e atividades reprodutivas com fortes influências sazonais. Em São Marcos, não foram registradas variações significativas no bem-estar. A ausência de juvenis sugere baixa frequência de desovas sinalizando que a Baía de São Marcos não favorece à atividade reprodutiva da espécie, possivelmente devido às condições ambientes pouco adequadas. Espera-se que essas informações auxiliem na elaboração de políticas ambientais para manejo de espécies e atividades humanas em ecossistemas aquáticos, visando a sustentabilidade local, nacional e global.