CONTAMINAÇÃO POR MICROPLÁSTICOS EM TRÊS ESPÉCIES DE PEIXES DO ESTUÁRIO DO RIO BACANGA, SÃO LUÍS- MA

Abstract

Os microplásticos (MP) são partículas de plástico menores que 5 mm, podendo ser acidentalmente ingeridos por organismos aquáticos. O estudo investigou a presença de microplásticos no estômago de três espécies de peixes oriundos do estuário do Rio Bacanga, em São Luís. Foram realizadas seis coletas em outubro de 2022, janeiro de 2023, maio de 2023, outubro de 2023, janeiro de 2024 e maio de 2024. Em laboratório, foram registradas medidas morfométricas, incluindo comprimento total (LT), peso total (WT) e peso do estômago (WS), além da classificação gonadal. Os estômagos foram submetidos à digestão química utilizando hidróxido de potássio (KOH 10%), para separação dos microplásticos do conteúdo estomacal. Em seguida, foram filtrados por bomba a vácuo com microfiltro de vidro GF-3 Macherey-Nagel (~0,6 μm). Os MP foram contadas e classificadas quanto à forma e cor, com auxílio de um microscópio óptico. Os dados foram analisados com os testes de Shapiro-Wilk e Levene, seguidos pelos testes não paramétricos de Kruskal-Wallis e Mann-Whitney devido à não normalidade e heterogeneidade. O Índice de Fulton (K) avaliou a condição corporal dos peixes, e a correlação de Kendall verificou associações entre variáveis. Foram analisados 213 indivíduos e contabilizado um total de 876 MP, distribuídos em 100% das amostras. A abundância de MP foi de 315 MP em Centropomus undecimalis, seguido pelo Sciades herzbergii (291 MP) e pela Mugil sp. (270 MP). Em relação à diversidade de MP, as formas mais recorrentes foram: fibra (88,24%), fragmento (11,53%) e pellet (0,23%), sendo a fibra azul (52,01%) e preta (34,28%) as mais representativas.O índice de condição de Fulton (K) foi maior para Mugil sp., indicando melhor condição corporal, enquanto S. herzbergii e C. undecimalis apresentaram valores inferiores e menos variáveis. A partir do teste de correlação de Kendall, constatou-se que não há relação significativa entre o número de partículas microplásticas ingeridas e o Wt e Ws das espécies. O estudo confirma a presença de microplásticos no estuário do Bacanga, com predomínio de fibras azul e preta indicativas de contaminação, evidenciando as espécies analisadas como eficazes bioindicadores e reforçando a necessidade de mitigação, monitoramento e fiscalização para a proteção dos ecossistemas aquáticos.