A NATUREZA E A SOCIEDADE EM FRANCISCO DE PAULA RIBEIRO

Abstract

As relações entre o homem e a natureza evoluíram ao longo do tempo, influenciadas por processos históricos e mudanças teóricas. Na Geografia, esse conceito surge inicialmente nos relatos de viagens dos naturalistas e ganha maior ênfase na modernidade com a teoria heliocêntrica, sendo ressignificado ao longo do tempo, mas muitas vezes tratado de forma fragmentada, dissociando natureza e sociedade. Este trabalho, inicialmente, engendra considerações epistemológicas relativamente ao debate do conceito de natureza na geografia, retomando, para isso, matrizes teóricas clássicas e contemporâneas, para, em seguida compreender de que forma a relação entre natureza e sociedade é apresentada nos escritos de Francisco de Paula Ribeiro, identificando as influências do pensamento geográfico de sua época e os impactos dessa visão na construção do imaginário sobre o sertão maranhense. Com essa finalidade, a metodologia utilizada é a leitura e análise de bibliografia acerca do conceito de Natureza, bem como, os textos de Francisco de Paula Ribeiro, que são: Roteiro de viagem que fez o capitão Francisco de Paula Ribeiro às fronteiras da Capitania do Maranhão e de Goiás, nos anos de 1815 em serviço de S. M. Fidelíssima e, Descrição do território de Pastos Bons nos sertões do Maranhão. Os resultados indicam que Ribeiro adota uma visão determinista, associando a natureza como elemento central na configuração social e econômica da região. Suas descrições reforçam discursos coloniais e eurocêntricos, retratando os indígenas de forma estereotipada e destacando o sertão como um espaço a ser explorado economicamente, suas obras não só documenta a geografia física do sertão, mas também contribui para a formulação de representações sobre o território, influenciando a percepção da natureza e sociedade na época.