ASSOCIAÇÃO ENTRE PERDA DO PALADAR PARA GOSTOS BÁSICOS (DOCE E AMARGO) E UMAMI E CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS E NUTRICIONAIS DE PACIENTES ONCOLÓGICOS SOB QUIMIOTERAPIA

Abstract

O tratamento quimioterápico é uma das modalidades terapêuticas utilizadas no tratamento do câncer e está associado a múltiplos efeitos colaterais, entre eles o aumento do limiar de sensibilidade aos sabores. No presente trabalho, buscou-se estabelecer associações entre a perda do limiar de sensibilidade para os gostos básicos (doce e amargo) e umami e as características clinicas e nutricionais dos pacientes oncológicos sob quimioterapia tratados no Hospital Geral Tarquínio Lopes Filho. O estudo contou com 50 pacientes, maioria do sexo feminino, não-branca, proveniente do interior e com média de idade de 41,3±10,6 anos. Nas associações propostas encontramos que o limiar de sensibilidade ao doce (LSD) está associado ao tempo de tratamento (p=0,04), mostrando que à medida que a terapêutica avança, a sensibilidade a este sabor diminui. A redução do consumo de chocolate mostrou-se associado ao LSD (p=0,01), exibindo redução do consumo deste alimento entre 70,0% dos pacientes com média sensibilidade para este sabor. Nenhuma associação estatisticamente significante foi encontrada entre as características clinicas e nutricionais e os limiares de sensibilidade ao sabor amargo e umami, a maioria dos pacientes mostraram-se pouco afetados em relação a esses dois sabores. Observamos entre os pacientes, diminuição do consumo de carne bovina (74,0%) e aumento do consumo de frango (44,0%) e peixe (54,0%) levando a crer que esses alimentos constituem uma opção ao consumo de carne bovina, embora sem significância estatística. Considerando os resultados, observou-se que o tempo de tratamento traz prejuízos ao LSD, e que pacientes com média sensibilidade ao doce, tendem a reduzir o consumo de chocolate. Torna-se evidente a necessidade de maiores investigações sobre o impacto dos quimioterápicos no paladar de pacientes oncológicos e suas implicações nutricionais, pois o estabelecimento de associações entre drogas utilizadas, efeitos colaterais e consumo alimentar pode ser uma ferramenta clínica poderosa no manejo de pacientes com câncer, pois norteia os profissionais da saúde quanto aos problemas que o paciente poderá apresentar.