DESINFORMAÇÃO POLÍTICA: ANÁLISE DOS POSTS DE EDUARDO BOLSONARO NAS ELEIÇÕES DE 2022

Abstract

Na desinformação política on-line não há apenas uma guerra entre a mentira e a verdade, há também uma guerra de narrativas onde a atenção e o tempo do público são as moedas valiosas. Especialmente no período das eleições de segundo turno do ano de 2022, essa realidade tornou-se evidente com uma série de postagens no perfil oficial do Instagram, de um dos políticos de direita mais influentes do Brasil, o atual deputado federal Eduardo Nantes Bolsonaro (PL-SP), que conta com milhões de votos acumulados de suas candidaturas, possui alto engajamento nas plataformas digitais e um discurso com alta penetração entre o público evangélico no Brasil. É na evidente relevância do deputado que emerge o presente trabalho, que tem o objetivo de analisar a construção da mensagem em uma série de postagens publicadas no perfil oficial do Instagram de Nantes, com destaque para 2 comprovadamente desinformativas, no contexto das eleições de segundo turno do ano de 2022 na semana de 23 a 29 de outubro, através da Análise de Conteúdo (Bardin, 2016). Constata-se que a desinformação no perfil de Nantes produziu significados de desconfiança em relação ao caráter do atual presidente Lula da Silva (PT) através do uso de teorias conspiratórias; as outras postagens foram agrupadas em 3 grandes narrativas compostas por temas permeados por acusações de conspiração entre Lula, o PT, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e o Supremo Tribunal Federal (STF) para um suposto desfavorecimento à então reeleição de Jair Bolsonaro (PL), além do sugestionamento de adiamento das eleições, ameaçando o processo democrático. O trabalho conclui que as publicações desinformativas serviram como estratégia de campanha política com formatos sutis, além de reconhecer que a decisão do Instagram de mantê-las públicas com a tarja de Informação falsa oferece ao usuário a possibilidade de identificar políticos que recorrem à manipulação ao mesmo tempo que mostra uma deficiência dos algoritmos no combate ao alcance dessas postagens; aponta-se também os desafios futuros para o jornalismo profissional no combate, através da educação de consumo midiático, à desinformação política, um campo minado na era da entropia informacional.