PREVALÊNCIA DA PRÁTICA DA EPISIOTOMIA E FATORES ASSOCIADOS NO BRASIL: REVISÃO SISTEMÁTICA

Abstract

Introdução: A episiotomia é uma incisão cirúrgica realizada no períneo durante o trabalho de parto vaginal. Quando realizada de forma rotineira e sem critérios bem definidos, o procedimento pode acarretar diversos prejuízos para a saúde da mulher, tanto a curto quanto a longo prazo. Além disso, quando efetuada sem consentimento ou sem uma justificativa clínica adequada, a episiotomia é caracterizada como uma forma de violência obstétrica, reforçando a necessidade de uma avaliação criteriosa e responsável antes de sua execução. Objetivo: Identificar e analisar estudos sobre a prevalência e fatores associados à episiotomia no Brasil. Método: Trata-se de uma revisão sistemática segundo critérios do Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and MetaAnalyses e da diretriz do Instituto Joanna Briggs. As bases de dado pesquisadas foram: MEDLINE/PubMed, Web of Science, SCOPUS, CINAHL, Cochrane, EMBASE e LILACS, sem restrição de tempo e idioma. Resultados: Após a triagem, foram incluídos 68 estudos para análise. A prevalência de episiotomia entre mulheres, em geral, variou de 0,5% a 60,7%; entre primíparas, foi de 10,2% a 94%; e entre adolescentes, de 46,5% a 89,6%. Um total de 35 estudos analisou os fatores associados à prática da episiotomia. Entre os fatores mais frequentemente observados, destacam-se: primiparidade, primigestas, nuliparidade, adolescência, juventude, mulheres com maior escolaridade e renda, partos realizados no setor privado, uso de ocitocina, uso de fórceps, ausência de parto vaginal anterior, prematuridade, posição horizontal, peso do recém-nascido superior a 4.000 g e partos realizados por médicos. Conclusão: A prevalência de episiotomia no Brasil apresenta uma tendência positiva de redução. esse avanço pode refletir mudanças nas políticas públicas e diretrizes obstétricas, como o incentivo ao parto humanizado. No entanto, altas taxas ainda são observadas em determinados contextos, ressaltando a necessidade de esforços contínuos para promover a humanização do parto, disseminar boas práticas obstétricas e reduzir intervenções desnecessárias. Evidências sugerem que a episiotomia é realizada com menor frequência em partos assistidos por enfermeiros obstétricos, reforçando a importância de investir na capacitação e valorização desses profissionais para contribuir com a melhoria da assistência ao parto.