PERFIL CLÍNICO-EPIDEMIOLÓGICO E DE SOBREVIDA DE PACIENTES COM CÂNCER DE PÊNIS NO ESTADO DO MARANHÃO

Abstract

O câncer de pênis é uma neoplasia rara em países desenvolvidos, mas apresenta alta incidência em regiões de condições socioeconômicas vulneráveis, como o Nordeste do Brasil. No estado do Maranhão, a taxa de incidência do câncer de pênis é significativamente elevada, sendo influenciada por questões como, a dificuldade no acesso ao tratamento e fatores de risco como fimose, higiene inadequada e infecção pelo papilomavírus humano (HPV). Essas condições contribuem para o cenário alarmante da doença. Este estudo teve como objetivo analisar o perfil clínico, epidemiológico e de sobrevida de pacientes diagnosticados com câncer de pênis no Maranhão entre 2018 e 2022. A amostra incluiu 244 pacientes de três hospitais de referência no estado. A coleta de dados foi realizada a partir de prontuários médicos e laudos, incluindo informações sobre variáveis sociodemográficas, fatores de risco, características clínicas, tipo de tratamento e evolução da doença. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP), sob o parecer nº 6.743.483 e CAAE nº 57747422.8.0000.5086. A análise estatística foi realizada utilizando frequências absolutas e relativas, médias, desvio padrão, e a taxa de incidência foi calculada com base na população masculina do Maranhão. A sobrevida foi avaliada pelo método de Kaplan-Meier, com um nível de significância de p < 0,05. A análise revelou que a maioria dos pacientes diagnosticados com câncer de pênis apresentava baixa escolaridade e residia em áreas rurais, o que reflete, possivelmente, o limitado acesso à saúde. Além disso, observou-se altos índices de tabagismo e etilismo, fatores que podem estar relacionados ao desenvolvimento da doença. Em relação à taxa de incidência, foi registrada uma taxa global de 7,32 casos por 100.000 homens, superando o número de estudos anteriores realizados na região, confirmando a região de maior incidência da doença. Importante destacar que a incidência foi ainda mais acentuada entre homens com mais de 60 anos, atingindo 29,1 casos por 100.000 homens. O tratamento predominante foi a penectomia parcial, sendo as lesões mais frequentemente localizadas na glande, local mais comum para o desenvolvimento do câncer de pênis. Além disso, a análise clínica identificou uma elevada taxa de metástases linfonodais, que, por sua vez, foi associada a um pior prognóstico e a uma menor sobrevida livre de doença. Essas metástases linfonodais são reconhecidas como um indicador de maior agressividade, o que compromete a resposta ao tratamento e reduz a expectativa de vida dos pacientes. Adicionalmente, pacientes diagnosticados em estágios mais avançados, especialmente aqueles com invasão angiolinfática e perineural, apresentaram uma sobrevida significativamente mais curta. Em conclusão, os resultados deste estudo revelam a alta incidência do câncer de pênis no Maranhão, e ressaltam a necessidade urgente de estratégias de prevenção, diagnóstico precoce e tratamento adequado.