EFEITO DO CPAP, SURFACTANTE E CORTICOSTEROIDES NA VENTILAÇÃO MECÂNICA EM RECÉM-NASCIDOS PRÉ-TERMO

Abstract

Introdução: No Brasil, anualmente, 340 mil nascimentos ocorrem de forma prematura. A imaturidade pulmonar desses neonatos torna imprescindível a adoção de intervenções, como suporte ventilatório. Embora a ventilação mecânica invasiva seja uma das opções disponíveis, seu uso está associado ao desenvolvimento de lesões pulmonares. Em razão disso, questiona-se: Qual é a associação entre o uso de CPAP, surfactante e corticosteroides e a necessidade de ventilação mecânica invasiva em recém-nascidos pré-termo? Objetivo: Investigar a eficácia do uso do CPAP, surfactante e corticosteroides na necessidade de ventilação mecânica invasiva, em recém-nascidos pré-termo, admitidos em uma unidade neonatal. Metodologia: Estudo descritivo e transversal, realizado em uma Unidade Neonatal no Nordeste brasileiro. A amostra compreende 578 recém-nascidos pré-termo que foram internados entre janeiro de 2023 e julho de 2024. Os dados foram coletados do Sistema de Monitoramento do Cuidado Obstétrico e Neonatal e analisados utilizando testes estatísticos. Resultados: Analisou-se dados dos recém-nascidos e suas mães. Os resultados apontam que 93 mulheres fizeram uso do sulfato de magnésio e 196 receberam o corticosteroide antenatal. Os partos ocorreram em sua maioria de forma cirúrgica (425) e a maioria das mulheres não fez uso de drogas. Em relação aos neonatos, a maior parte pertence ao sexo masculino (329); 195 neonatos apresentaram escore de Apgar 0 a 6 no primeiro minuto e, no quinto minuto, 50 neonatos mantiveram essa pontuação; de 274 neonatos que utilizaram o CPAP, 147 não precisaram da ventilação invasiva, com 8 indo a óbito; 99 neonatos utilizaram o CPAP na sala de parto e destes, 74 não precisaram da ventilação invasiva. Quanto ao surfactante, 94 neonatos utilizaram e 2 não foram submetidos à ventilação invasiva; 482 não utilizaram e destes, 33 foram à óbito. Das mulheres que fizeram uso do corticosteroide, 103 neonatos não precisaram de ventilação invasiva e 20 foram a óbito. De 243 neonatos submetidos à ventilação invasiva, 52 faleceram. O óbito se mostrou mais prevalente em neonatos com menor peso ao nascer e menor idade gestacional. Conclusão: O uso do CPAP emerge como estratégia eficaz, principalmente na sala de parto, associando-se à redução da mortalidade e à menor necessidade de ventilação mecânica invasiva. Por outro lado, o uso do surfactante apresentou um paradoxo, com maiores taxas de mortalidade observadas nos neonatos que utilizaram. A administração de corticosteroides não mostrou eficácia significativa na prevenção da ventilação mecânica invasiva. Tais achados podem estar relacionados à variabilidade na administração, completude das doses e gravidade dos casos. A ventilação mecânica invasiva foi associada a taxas mais altas de mortalidade.