Incidência da doença de Chagas aguda no Brasil: uma análise comparativa dos períodos pré-pandêmico e pandêmico de COVID-19 entre os anos 2016-2022.

Abstract

RESUMO: A Doença de Chagas é uma enfermidade negligenciada, causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi e é endêmica em várias regiões da América Latina, incluindo o Brasil. Este estudo analisou a situação da doença de Chagas aguda no país, entre os anos de 2016 e 2022, comparando período anterior da pandemia do vírus SARS-CoV-2 ao período pandêmico, utilizando dados epidemiológicos sobre os casos confirmados, ano do primeiro sintoma, região de residência, gênero, faixa etária e raça. Esta pesquisa utilizou dados do DATASUS, onde foram selecionadas as bases SIM (Sistema de Informação sobre Mortalidade), SIH/SUS (Sistema de Informação de Internações Hospitalares) e SINAN (Sistema de Informação de Agravos de Notificação). Os dados foram organizados através do programa Microsoft Excel e analisados por meio do Bioestat 5.3. A pesquisa revela que a doença de Chagas aguda no Brasil, entre 2016 e 2022, apresentou estabilidade antes da pandemia, uma queda significativa em 2020 e uma alta em 2022, predominando nos homens, em indivíduos pardos e na faixa etária de 20 a 39 anos, com 85,47% das infecções ocorrendo por via oral e baixa mortalidade (1,21%). Nesse contexto, os resultados obtidos por esse trabalho podem nortear políticas públicas no país, revelando informações para o combate eficaz dessa zoonose e incentivando gestores a providenciar mais recursos para tentar reduzir os prejuízos sociais que essa enfermidade causa, além de revelar a população e aos profissionais de saúde dos riscos que a Chagas aguda representa e maneiras de evitar o contágio.___ABSTRACT: Chagas disease is a neglected disease caused by the protozoan Trypanosoma cruzi and is endemic in several regions of Latin America, including Brazil. This study analyzed the situation of acute Chagas disease in the country between 2016 and 2022, comparing the period before the SARS-CoV-2 pandemic with the pandemic period, using epidemiological data on confirmed cases, year of first symptoms, region of residence, gender, age group, and race. This research utilized data from DATASUS, selecting the SIM (Mortality Information System), SIH/SUS (Hospital Admission Information System), and SINAN (Notifiable Diseases Information System) databases. The data were organized using Microsoft Excel and analyzed using Bioestat 5.3. The research reveals that acute Chagas disease in Brazil, between 2016 and 2022, remained stable before the pandemic, showed a significant decline in 2020, and an increase in 2022, predominantly affecting men, mixed-race individuals, and the 20–39 age group, with 85.47% of infections occurring through oral transmission and low mortality (1.21%). In this context, the results obtained in this study can guide public policies in the country, providing insights for the effective control of this zoonosis and encouraging policymakers to allocate more resources to mitigate the social burdens caused by this disease. Additionally, the study raises awareness among the population and healthcare professionals about the risks associated with acute Chagas disease and ways to prevent infection.