Tratamento precoce da ansiedade patológica em crianças e as repercussões na vida adulta: uma revisão integrativa do período de 2014 a 2023

Abstract

RESUMO: A Organização Mundial da Saúde define saúde mental como o bem-estar psicológico que capacita as pessoas a lidarem com o estresse, desenvolverem habilidades e contribuírem para suas comunidades. A ansiedade é um dos transtornos mais prevalentes, afetando em torno de 3,8% a 25% da população mundial, tornando-se cada vez mais comum ainda na infância. No Brasil, o direito à saúde é garantido pela Constituição de 1988, e a reforma psiquiátrica resultou na criação de Centros de Atenção Psicossocial, incluindo o infanto-juvenil. O diagnóstico dos transtornos psiquiátricos é baseado em critérios do DSM-5 ou CID-10, mas há desafios na identificação de transtornos em crianças. A presente pesquisa foi desenvolvida com o intuito de investigar os impactos do tratamento de forma precoce da ansiedade em crianças e suas repercussões em sua vida quando adulto. Trata-se de um estudo de caráter qualitativo, sobre a relevância do tratamento precoce da ansiedade em crianças, através de uma revisão integrativa, por meio da coleta de artigos científicos, retirados das plataformas Medline, Lilacs e Pubmed, no período de janeiro de 2014 a dezembro de 2023, em português, inglês e espanhol, a partir da pergunta norteadora: “Qual a relação do tratamento precoce da ansiedade em crianças e sua saúde mental quando adulto?". Para análise dos dados foi utilizado o diagrama Flow. Foram encontrados 1764 artigos, após a aplicação dos critérios de inclusão e exclusão, sendo que, ao final, 10 foram incluídos. Dentre eles, quatro estudos exploraram sobre eventos adversos ocorridos na infância e seus impactos a longo prazo, um abordou sobre a qualidade de vida na ansiedade infantil, quatro dissertaram sobre a resposta ao tratamento do transtorno de ansiedade na infância e um fez comparação da custo efetividade entre dois tipos de intervenção para ansiedade infantil. A partir dessas descobertas, foi observada a importância do tratamento imediato e de um acompanhamento aos primeiros sinais e sintomas demonstrados pela criança, suas implicações quando negligenciadas, e o impacto positivo quando realizadas abordagens terapêuticas ainda na infância em prol de melhor funcionamento social, emocional, físico e mental ao longo dos anos. Os resultados da pesquisa avançam na discussão sobre tratamentos para controle da ansiedade infantil até a vida adulta e trazem contribuições para a literatura e para a prática, visto que poderão conduzir a formulação de políticas públicas, orientar gestores e profissionais de saúde e esclarecer a comunidade acerca dessa questão.__ABSTRACT The World Health Organization defines mental health as psychological well-being that enables individuals to cope with stress, develop skills, and contribute to their communities. Anxiety is one of the most prevalent disorders, affecting around 3.8% to 25% of the global population, becoming increasingly common even during childhood. In Brazil, the right to health is guaranteed by the 1988 Constitution, and psychiatric reform led to the creation of Psychosocial Care Centers, including those for children and adolescents. The diagnosis of psychiatric disorders is based on criteria from the DSM-5 or ICD-10, but there are challenges in identifying disorders in children. This research was developed to investigate the impacts of early treatment of anxiety in children and its repercussions on their adult lives. It is a qualitative study on the relevance of early treatment of anxiety in children through an integrative review, involving the collection of scientific articles from the Medline, Lilacs e Pubmed platforms. The study covered the period from January 2014 to December 2023 and included publications in Portuguese, English, and Spanish. The guiding question was: “What is the relationship between early treatment of anxiety in children and their mental health as adults?” Data analysis was conducted using the Flow Diagram. A total of 1,764 articles were found, after applying the inclusion and exclusion criteria, and, in the end, 10 were included. Among these, four studies explored adverse events during childhood and their long-term impacts, one addressed quality of life in childhood anxiety, four discussed responses to treatment for anxiety disorder in childhood, and one compared the cost-effectiveness of two types of interventions for childhood anxiety. From these findings, the importance of immediate treatment and monitoring at the first signs and symptoms exhibited by children was observed, along with the implications of neglecting these signs and the positive impact of therapeutic approaches initiated during childhood. These approaches promote better social, emotional, physical, and mental functioning over the years. The research findings advance the discussion on treatments for managing childhood anxiety into adulthood and contribute to the literature and practice. They may guide the formulation of public policies, inform healthcare managers and professionals, and raise awareness in the community about this issue.