Os efeitos da gestação e do pós-parto na esclerose múltipla: uma revisão integrativa.

Abstract

RESUMO: A esclerose múltipla (EM) é uma doença neurodegenerativa que acomete principalmente mulheres na faixa etária reprodutiva. Assim, este estudo objetiva identificar os impactos da gestação e do período pós-parto no curso da EM. Trata-se de uma revisão integrativa de literatura, cuja busca foi realizada de janeiro a março de 2024 nas bases de dados: BIREME, Google Acadêmico, LILACS, Pubmed e Scielo. Os descritores utilizados foram “Esclerose Múltipla”, “Parto” e “Período pós-parto”, em português, inglês e espanhol. Os critérios de inclusão foram artigos na íntegra produzidos no período de 2014 a 2023, de forma que foram incluídas 11 publicações no presente estudo. Os resultados mostraram que a gestação promove mudanças fisiológicas no corpo da mulher. Em especial, as alterações imunológicas são importantes na mudança do curso da doença. Este é influenciado por fatores preditivos como taxa de recaída anual, Escala Expandida do Estado de Incapacidade, idade no diagnóstico, número de recaídas antes da gestação, uso de tratamentos modificadores da doença. Apesar do mecanismo fisiopatológico ainda não ser bem esclarecido, a gestação é um período protetor contra as crises neurológicas da EM. Em contrapartida, o pós-parto representa o período de maior taxa de recaídas. A ocorrência e a quantidade dessas recaídas sofrem influência de diversos fatores, como idade de diagnóstico, número de recaídas antes da gestação, uso de DMTs prévio a esse períodoe amamentação. Por fim, o curso da EM sofre impacto com as mudanças fisiológicas que ocorrem tanto na gestação e quanto no período pós-parto. A amamentação exclusiva, o uso de DMTs, o tipo de parto e o uso de analgesia e anestesias intraparto interferem de maneira variada no curso da doença dessas mulheres. Conclui-se que a gestação tem um caráter protetor contra o número de recaídas da EM, enquanto o período pós-parto propicia ao aumento da atividade da doença, mas não se pode afirmar quais são os fatores e como eles que podem atenuar esses surtos, pois não há consenso quanto à forma que cada um influencia na doença e ao papel do mecanismo fisiológico da mulher ao responder à esclerose múltipla.___ABSTRACT: Multiple sclerosis (MS) is a neurodegenerative disease that primarily affects women of reproductive age. Thus, this study aims to analyze the impact of pregnancy and the postpartum period on the course of MS. This is a literature review, whose search was conducted from January to March 2024 in the databases: BIREME, Google Scholar, LILACS, PubMed, and Scielo. The descriptors used were "Multiple Sclerosis", "Partum", and "Postpartum period", in Portuguese, English and Spanish. The inclusion criteria were full-length articles produced between 2014 and 2023 in English, Portuguese, or Spanish, so 11 articles were included. The results showed that pregnancy promotes physiological changes in a woman's body. In particular, immunological changes are important in altering the course of the disease. This is influenced by predictive factors such as Annual Relapse Rate, Expanded Disability Status Scale, age at diagnosis, number of relapses before pregnancy and use of disease-modifying treatments. Although the pathophysiological mechanism is not yet fully understood, pregnancy is a protective period against neurological relapses of MS. In contrast, the postpartum period represents the period with the highest relapse rate. The occurrence and quantity of these relapses are influenced by several factors, such as age at diagnosis, number of relapses before pregnancy, use of DMTs prior to this period, and breastfeeding. Finally, the course of MS is impacted by the physiological changes that occur both during pregnancy and in the postpartum period. Exclusive breastfeeding, the use of DMTs, the type of delivery and the use of analgesia and anesthesia during childbirth interfere in several manners on the course of the disease in these women. Pregnancy has been shown to protect against multiple sclerosis (MS) relapses, while the postpartum period is associated with an increased disease activity. However, the specific factors that can mitigate these post partum flare-ups remain unclear. There is no consensus on how individual factors influence the disease or on the exact role of a woman's physiological mechanisms in responding to MS.