Internações psiquiátricas no Maranhão: análise do perfil epidemiológico e da organização da rede de atenção psicossocial

Abstract

RESUMO Objetivo: Este estudo objetivou analisar o perfil epidemiológico das internações psiquiátricas no Maranhão, explorando tendências regionais e a estruturação da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS). Métodos: Estudo epidemiológico, descritivo e exploratório, realizado a partir da análise de todas as internações psiquiátricas registradas no Sistema de Informações Hospitalares do SUS, no Maranhão, entre 2014 e 2024. Avaliou-se caráter da internação, perfil demográfico (sexo, faixa etária, cor/raça), diagnósticos (CID-10), região de saúde, macrorregião e média de permanência hospitalar. Dados adicionais sobre serviços de saúde mental foram extraídos do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde. Analisaram-se

tendências temporais utilizando regressão linear, e associações através dos testes de qui- quadrado e ANOVA, com significância estatística estabelecida em p < 0,05. Resultados: Foram

identificadas 55.385 internações psiquiátricas, com taxa média anual de 74,99 por 100.000 habitantes, significativamente superior a outros estados brasileiros. Internações involuntárias representaram 58,5% (p < 0,01). Houve predominância masculina (68,7%), adultos jovens (89% entre 20 e 59 anos) e diagnósticos de esquizofrenia e transtornos relacionados (45,7%) e transtornos por uso de substâncias (27,5%). As internações concentraram-se fortemente na Macrorregião Norte (91,9%), especialmente em São Luís. A média de permanência hospitalar foi elevada (57,5 dias), significativamente maior que a média nacional. Conclusões: O estudo revelou persistência do modelo hospitalocêntrico e marcantes desigualdades regionais na saúde mental no Maranhão. A reorganização e reestruturação da RAPS torna-se necessária ao acesso equitativo e integral da população aos serviços de atenção à saúde mental.