COOPERATIVISMO AGROINDUSTRIAL E SUSTENTABILIDADE SOCIOAMBIENTAL NO BAIXO PARNAÍBA: ANÁLISE DA IMPLEMENTAÇÃO DA COOPDELTA NO MARANHÃO

Abstract

O estudo analisa a experiência da CoopDelta como instrumento de desenvolvimento sustentável no território do Baixo Parnaíba maranhense, com ênfase na comunidade de Carnaubeiras. A partir da aplicação de questionários semiestruturados junto a 28 cooperados, identificam-se elementos socioeconômicos, de saúde e condições de trabalho que caracterizam a realidade enfrentada pelos trabalhadores vinculados à cooperativa. A análise revela que, apesar da predominância de baixos níveis de escolaridade, vulnerabilidade social e adoecimento relacionado à atividade extrativista, os cooperados demonstram significativa capacidade de organização e engajamento em práticas sustentáveis, como o respeito ao período de defeso e a valorização dos saberes tradicionais. A pesquisa adota abordagem quantitativa descritiva, com tratamento estatístico dos dados via software R e RStudio. Os resultados apontam que os principais desafios enfrentados pelas famílias incluem precariedade na infraestrutura, ausência de políticas públicas direcionadas, exclusão de benefícios como o Seguro-Defeso e problemas de saúde relacionados à coleta artesanal de caranguejo. Além disso, identificam-se altos índices de dores osteomusculares, distúrbios do sono e hábitos prejudiciais à saúde, como tabagismo e consumo de álcool. Apesar do cenário adverso, a CoopDelta surge como espaço estratégico para a organização coletiva, inclusão produtiva e acesso à cidadania. Os cooperados valorizam a cooperativa como principal instância de apoio, solicitando, principalmente, investimento em saúde, capacitação técnica e assistência contínua. A maioria reside em casas de alvenaria, possui acesso à internet e manifesta expectativa positiva com a futura implantação da indústria de beneficiamento do caranguejo. Desse modo, conclui-se que a atuação da CoopDelta contribui de forma significativa para o fortalecimento da economia solidária, para a defesa dos direitos dos catadores e para a promoção de um modelo de desenvolvimento baseado na justiça socioambiental, na equidade e na sustentabilidade. Os achados reforçam a necessidade de ações integradas entre o poder público, organizações sociais e instituições de pesquisa, visando a formulação de políticas específicas para populações extrativistas e tradicionais da região.