UM OLHAR DOS CUIDADORES: Relações subjetivas das pessoas idosas no Lar dos Vicentinos em Grajaú-MA

Abstract

Este estudo teve como objetivo analisar as relações subjetivas das pessoas idosas institucionalizadas no Lar dos Vicentinos, em Grajaú-MA, a partir das percepções de seus cuidadores. Por meio de uma abordagem qualitativa e entrevistas semiestruturadas, buscou-se compreender como os idosos vivenciam afetos, lembranças, carências, medos e expectativas dentro da instituição. As falas dos cuidadores revelam que, apesar das condições de segurança e atendimento oferecidas, muitos idosos carregam sentimentos de abandono, solidão e saudade de vínculos familiares rompidos. Ao mesmo tempo, emergem afetos como gratidão, alegria em pequenos gestos cotidianos e o desejo de serem ouvidos e valorizados. Esses aspectos subjetivos, frequentemente invisibilizados, aparecem nas sutilezas do comportamento dos idosos, nas conversas espontâneas e nos silêncios prolongados. Os cuidadores, em sua maioria mulheres, demonstram sensibilidade diante dessas manifestações, construindo laços que vão além do cuidado técnico. Relatam que ouvir histórias de vida, acolher emoções e respeitar o tempo subjetivo de cada idoso é parte essencial do trabalho. No entanto, apontam também a sobrecarga emocional, a ausência de suporte psicológico e a carência de formação para lidar com questões subjetivas de maneira adequada. A pesquisa destaca a importância de reconhecer e valorizar a dimensão subjetiva no envelhecimento institucionalizado, defendendo práticas de cuidado que considerem o idoso como sujeito de desejos, memórias e sentimentos. O referencial teórico baseia-se em autores como Goffman (1961), que discute a condição dos internados; Ciampa (2002) e González(s.d.), sobre subjetividade e identidade; e Bazza (2016), que destaca o discurso do idoso sobre si. A pesquisa aponta a necessidade de políticas públicas e formação para um cuidado mais humanizado e integral.Conclui-se que é fundamental fortalecer a formação dos cuidadores e implementar políticas públicas que promovam um cuidado mais humanizado e integral.