COALIMENTAÇÃO COM ALIMENTO VIVO E RAÇÃO MELHORA O CRESCIMENTO E A SOBREVIVÊNCIA NA TRANSIÇÃO ALIMENTAR DE LARVAS DE Trachelyopterus galeatus

Abstract

O bagrinho Trachelyopterus galeatus é uma espécie altricial cujas larvas nascem com o sistema digestivo imaturo, necessitando de alimentação exógena adequada antes do esgotamento das reservas vitelinas. Desde a década de 1970, o uso de alimentos vivos como rotíferos, cladóceros e náuplios de Artemia tem sido essencial para o sucesso da larvicultura de espécies com esse padrão de desenvolvimento. Entretanto, a formulação de dietas artificiais eficazes ainda é um desafio. Embora o uso exclusivo de ração seja desejável por questões econômicas e logísticas, os resultados têm sido insatisfatórios, tornando necessária a introdução gradual desse insumo à medida que o trato digestório se desenvolve. Este estudo avaliou os efeitos da coalimentação com náuplios de Artemia franciscana e ração inerte sobre o crescimento, a sobrevivência e o desenvolvimento morfológico das larvas de T. galeatus. O experimento foi conduzido no Laboratório de Desenvolvimento Aquícola da Amazônia Maranhense (L’AQUAM/UFMA) durante 20 dias, utilizando mil larvas com peso médio inicial de 2,36 ± 0,0010 mg e comprimento de 6,61 ± 0,34 mm, distribuídas em 20 tanques (50 larvas/unidade). O delineamento foi inteiramente casualizado, com cinco tratamentos: R (ração), A (Artemiafranciscana), T4 (6 dias de Artemia, 4 de coalimentação e 10 de ração), T8 (6 dias de Artemia, 8 de coalimentação e 6 de ração) e T12 (6 dias de Artemia, 12 de coalimentação e 2 de ração), cada um com quatro repetições. A qualidade da água foi monitorada duas vezes ao dia, com sifonamento e renovação de 50% do volume diariamente. As variáveis analisadas foram peso e comprimento finais, sobrevivência, biomassa e parâmetros morfométricos. Os dados foram submetidos a testes de normalidade (Shapiro-Wilk) e homogeneidade de variâncias (Bartlett), seguidos de ANOVA ou Kruskal-Wallis, com testes de TukeyHSD ou Games0,05). Os resultados mostraram que a coalimentação proporcionou desempenho significativamente superior ao uso exclusivo de ração. O tratamento T12 apresentou os melhores resultados, com peso médio de 0,200 ± 0,0258 g, comprimento de 16,55 ± 3,71 mm e sobrevivência superior a 60%. O tratamento com ração exclusiva apresentou os piores índices (0,034 ± 0,0024 g; sobrevivência de 22,5%). Conclui-se que a coalimentação, especialmente por períodos prolongados, é uma estratégia eficaz e recomendada para melhorar o desempenho larval e a viabilidade do cultivo de T. galeatus.