O Alienista, de Machado de Assis: a sociedade como experimento

Abstract

RESUMO

O objetivo deste trabalho é mostrar que a novela O Alienista, de Machado de Assis, é, dentre outras coisas, uma representação ficcional de um ideal de sociedade como um experimento nas dimensões materiais, teorias e ideologias políticas e do modo como estas se centram na ideia de controle racional científico de todos os processos humanos. O método de pesquisa é bibliográfico, sendo utilizados livros e artigos. A divisão e aporte teórico contemplaram aspectos e elementos da modernidade conforme propostos por autores como William R. Everdell e Anthony Giddens para a compreensão dos movimentos intelectuais que estiveram sob a influência positivista; em seguida, traçando as linhas de força da modernidade brasileira e sua Belle Époque, recorre-se às reflexões de Nicolau Sevcenko e José de Sousa Martins, que fornecem bases para compreensão da modernidade no Brasil. Num terceiro momento, utilizando as intuições e conceitos de nomes como Augusto Meyer, Robert Schwarz, John Gledson, Mário Vieira de Mello, José Murilo de Carvalho e Ivan Teixeira, voltamo-nos para uma análise das dinâmicas subjacentes à complexa realidade brasileira, a partir de interpretações de trechos da novela machadiana, a qual, como propomos transfigura ficcionalmente essas dinâmicas. Algumas chaves interpretativas foram percebidas, sendo estas: um retrato sombrio e advertência cética acerca dos processos correntes à época, um diagnóstico da burguesia brasileira à luz da Belle Époque e um esboço da teia de costumes por vezes alienantes que se tornou cada vez mais espessa desde o início da modernidade no Brasil. Todas essas chaves vão ao encontro do objeto de pesquisa proposto, que percebe, em O Alienista, a representação da sociedade como um experimento centrado na ideia de controle da natureza, racionalidade e impulsos humanos.