O sistema de comunicação visual externa dos ônibus de São Luís: Estudo de impacto em pessoas com baixa escolaridade.

Abstract

Este trabalho investigou a comunicação visual externa dos ônibus urbanos da cidade de São Luís (MA), com foco em sua eficácia para usuários com baixa escolaridade. O objetivo foi analisar como os elementos visuais aplicados à lataria dos veículos (como letreiros, cores, pictogramas e organização das informações) influenciam a autonomia, a orientação e a compreensão dos passageiros durante o uso do transporte público. A pesquisa adotou uma abordagem qualitativa, baseada em observações de campo, registro fotográfico, análise heurística e cruzamento com o referencial teórico nas áreas de design da informação, acessibilidade e orientação espacial. A jornada do usuário foi utilizada como estrutura analítica para mapear os principais momentos de interação com a comunicação visual: planejamento, deslocamento, embarque, viagem e desembarque. Os dados revelaram falhas recorrentes de legibilidade, ausência de estrutura informacional clara, redundância textual e carência de recursos acessíveis, como pictogramas e cores funcionais. Também foi constatada a inexistência de padrões de diferenciação visual entre as linhas, dificultando o reconhecimento rápido e autônomo do ônibus correto. A análise crítica evidenciou a violação de diversas heurísticas de design centrado no usuário e princípios do Design Universal, especialmente os que tratam de percepção, redundância multimodal e uso equitativo. Embora a sinalização seja parte essencial da experiência do passageiro, o sistema atual se mostra excludente e pouco funcional, especialmente para aqueles com menor domínio da leitura ou que dependem de recursos visuais acessíveis. Como conclusão, a pesquisa apontou para a necessidade urgente de reformulação dos elementos gráficos aplicados no revestimento externo dos ônibus, com base em critérios de contraste, hierarquia visual, padronização funcional de informações e uso de códigos cromáticos. Além disso, sugere que políticas públicas e práticas de design urbano passem a considerar mais efetivamente as limitações cognitivas e educacionais dos usuários, promovendo um transporte verdadeiramente acessível, eficiente e inclusivo.