A construção da maternidade sob a perspectiva da identidade feminina em tudo é rio, de Carla Madeira

Abstract

RESUMO: O presente artigo propos uma reflexão sobre a construção da maternidade na perspectiva da identidade feminina no romance Tudo é rio (2014), de Carla Madeira. A partir de uma leitura crítica e sensível do romance analisa-se como as personagens femininas Lucy, Dalva e Aurora, que vivenciam a maternidade em suas múltiplas dimensões – biológica, idealizada, negada e imposta – e de que modo essa experiência impacta na constituição de suas subjetividades. Metodologicamente, este trabalho baseia-se em uma revisão bibliográfica, apoiando-se em pesquisadoras e teóricas como Simone de Beauvoir (2009), Elisabeth Badinter (1985), Maria Rita Kehl (2010) e Julia Kristeva (2002), que discutem a maternidade como construção cultural, a relação entre linguagem e subjetividade e temáticas afins. Nesse sentido, a análise demonstrou que a maternidade, na narrativa, não se reduz a um instinto natural, mas configura-se como um elemento complexo na formação da identidade feminina, oscilando entre potência, sofrimento e culpa, contribuindo assim para o debate sobre as representações literárias da experiência feminina e suas tensões entre desejo e expectativas sociais.__ABSTRACT: This article examines the construction of motherhood within the framework of female identity in Carla Madeira’s novel Tudo É Rio (2014). Through a critical and sensitive reading of the work, the study analyzes how female characters experience motherhood in its various forms – biological, idealized, denied, and imposed – and how this experience shapes their subjectivities. Methodologically, the research is based on a literature review, engaging with theorists such as Simone de Beauvoir (2009), Elisabeth Badinter (1980), and Maria Rita Kehl (1996), who discuss motherhood as a cultural construct, as well as Julia Kristeva’s (2002), reflections on language and subjectivity. The analysis reveals that motherhood in the narrative is not merely a naturalized instinct but a complex element in the formation of female identity, oscillating between empowerment, suffering, and guilt. This study contributes to broader discussions on literary representations of women’s experiences and the tensions between maternal roles, identity, and desire.