A constituição histórica da educação escolar no povoado flores (Grajaú-MA): Uma investigação a partir de narrativas orais de moradores

Abstract

RESUMO: A presente pesquisa buscou compreender o processo de constituição da educação no povoado Flores, localizado no município de Grajaú (MA), a partir das experiências vividas, das resistências enfrentadas e da dedicação comunitária, questionando: Como a educação escolar se desenvolveu no povoado Flores nos anos de 1989 até os dias atuais, sob a perspectiva das vivências, resistências e diligência de seus moradores? A educação no campo, historicamente marcada por exclusão social e escassez de recursos, manifesta singularidades que precisam ser reconhecidas e valorizadas. No povoado Flores, a escolarização foi fruto da mobilização dos próprios moradores, diante da omissão do Estado e da ausência de políticas públicas eficazes. A investigação adotou uma abordagem qualitativa, de caráter exploratório e participante, utilizando entrevistas semiestruturadas aplicadas com seis moradores do povoado. A análise dos dados foi realizada com base no método de Análise de Conteúdo proposto por Bardin (2016), e originou três categorias principais: 1) Trajetórias de acesso à escolarização; 2) Práticas pedagógicas e saberes locais e 3) Relações comunitárias e transformações educacionais. Como resultado, a pesquisa evidenciou que, durante muito tempo, o acesso à educação foi limitado pelo trabalho precoce, pela desigualdade de gênero, pela falta de infraestrutura e pela escassez de recursos. As atividades pedagógicas, ainda que conduzidas por professores sem formação formal ou especialização, evidenciaram o uso de saberes populares e o compromisso ético com o processo de ensino e aprendizagem. A escola, por sua vez, consolidou-se como um espaço de pertencimento e resistência, fruto da mobilização comunitária. Assim, a pesquisa reafirmou a importância de reconhecer a educação escolar no campo como uma prática social legítima, construída com base na memória, na oralidade e na experiência coletiva.__ABSTRACT: This research sought to understand the process of establishing education in the village of Flores, located in the municipality of Grajaú, Maranhão, based on lived experiences, the resistance faced, and community dedication. It asked: How has school education developed in the village of Flores from 1989 to the present day, from the perspective of the experiences, resistance, and diligence of its residents? Education in rural areas, historically marked by social exclusion and scarcity of resources, manifests singularities that need to be recognized and valued. In the village of Flores, schooling was the result of the mobilization of the residents themselves, in the face of state neglect and the absence of effective public policies. The research adopted a qualitative, exploratory, and participatory approach, using semi-structured interviews with six village residents. Data analysis was conducted using the Content Analysis method proposed by Bardin (2016) and resulted in three main categories: 1) Trajectories of access to schooling; 2) Pedagogical practices and local knowledge; and 3) Community relations and educational transformations. As a result, the research demonstrated that, for a long time, access to education was limited by early labor, gender inequality, lack of infrastructure, and scarcity of resources. Pedagogical activities, although conducted by teachers without formal training or specialization, demonstrated the use of popular knowledge and an ethical commitment to the teaching and learning process. The school, in turn, consolidated itself as a space of belonging and resistance, the result of community mobilization. Thus, the research reaffirmed the importance of recognizing rural schooling as a legitimate social practice, built on memory, orality, and collective experience.