Levantamento etnofarmacológico do uso de plantas medicinais no povoado Angico Branco, Água Doce-MA

Abstract

RESUMO: Este trabalho teve como objetivo realizar um levantamento etnofarmacológico sobre o uso de plantas medicinais no povoado Angico Branco, localizado no município de Água Doce do Maranhão, uma vez que a população desse povoado utiliza plantas medicinais para diversas finalidades. A pesquisa contou com a participação de 58 moradores, selecionados aleatoriamente, que contribuíram com informações por meio de questionários semiestruturados. Um deles abordando o conhecimento popular sobre plantas medicinais e dados socioeconômicos; o outro, a caracterização das espécies citadas. As plantas são utilizadas principalmente no tratamento de distúrbios digestivos, hepáticos e intestinais, atuando também como calmantes naturais, antioxidantes, auxiliares no controle da pressão arterial, no alívio de problemas gastrointestinais e fortalecimento do sistema imunológico. O conhecimento sobre as plantas é, em sua maioria, transmitido entre gerações e fortemente ligado à tradição familiar. O preparo predominante ocorre na forma de chás, sendo também utilizadas, com menor frequência, em forma de sucos, lambedores, garrafadas e géis. As folhas são a parte mais empregada e, geralmente, cultivadas em hortas caseiras nos quintais dos moradores. Foram citadas 60 espécies, distribuídas em 36 famílias botânicas, na qual boldo (Plectranthus barbatus) e erva-cidreira (Lippia alba), foram as duas mais mencionadas. A comunidade demonstra fazer uso consciente e responsável das plantas, respeitando dosagens e atenta às contraindicações. Diante disso, o saber tradicional configura-se como uma prática terapêutica acessível, valorizada e amplamente reconhecida no contexto cultural da comunidade.___ABSTRACT: This study aimed to conduct an ethnopharmacological survey on the use of medicinal plants in the village of Angico Branco, located in the municipality of Água Doce do Maranhão, as the population uses medicinal plants for various purposes. The study involved the participation of 58 randomly selected residents, who contributed information through semi-structured questionnaires. One questionnaire addressed popular knowledge about medicinal plants and socioeconomic data; the other, the characterization of the species mentioned. Plants are primarily used to treat digestive, liver, and intestinal disorders, and also act as natural sedatives, antioxidants, aids in controlling blood pressure, relieving gastrointestinal problems, and strengthening the immune system. Knowledge about plants is mostly passed down through generations and strongly linked to family tradition. They are predominantly prepared in tea form, but less frequently in juices, lozenges, decoctions, and gels. The leaves are the most commonly used part and are generally grown in home gardens in residents' backyards. Sixty species were cited, distributed across 36 botanical families, of which boldo (Plectranthus barbatus) and lemon balm (Lippia alba) were the two most frequently mentioned. The community demonstrates conscious and responsible use of plants, respecting dosages and paying attention to contraindications. Therefore, traditional knowledge is an accessible, valued, and widely recognized therapeutic practice within the community's cultural context.