As questões sucessórias portuguesa e o movimento miguelista a partir da imprensa do Maranhão

Abstract

RESUMO: Este Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) investiga os debates políticos e ideológicos em torno da sucessão ao trono português entre os anos de 1826 e 1834, com destaque para a renúncia de D. Pedro I em favor de sua filha, D. Maria da Glória, e os desdobramentos do movimento miguelista. A análise se desenvolve a partir dos periódicos maranhenses que circularam no final do Primeiro Reinado, como “A Bandurra”, “O Farol Maranhense”, “O Amigo do Homem”, “A Cigarra”, “O Brasileiro”, “O Publicador Official”, “O Rondante Político” e “Echo do Norte”. O recorte temporal tem início em 1826, com a morte de D. João VI, e se estende até 1834, ano que marca o fim da Guerra Civil Portuguesa. O espaço geográfico não se restringe ao contexto europeu, mas inclui também o Brasil, com foco na província do Maranhão, onde os efeitos da crise sucessória portuguesa se articularam com as disputas políticas locais. A pesquisa busca compreender como esses eventos foram apropriados, debatidos e reinterpretados pela imprensa maranhense, revelando conflitos entre grupos sociais identificados como “portugueses” e “brasileiros”. Os periódicos analisados refletiram diferentes posições quanto à legitimidade de D. Pedro e à atuação de D. Miguel, bem como sobre os impactos dessas disputas no cenário político maranhense. Conclui-se que a imprensa desempenhou papel fundamental na formação da opinião pública e na consolidação de identidades políticas durante o período pós-independência, funcionando como agente ativo na mediação de debates e na construção de narrativas sobre a sucessão portuguesa.__ABSTRACT This Final Course Project (TCC) investigates the political and ideological debates surrounding the succession to the Portuguese throne between 1826 and 1834, highlighting the abdication of Dom Pedro I in favor of his daughter, D. Maria da Glória, and the developments of the Miguelist movement. The analysis is based on Maranhão periodicals that circulated at the end of the First Reign, such as “A Bandurra”, “O Farol Maranhense”, “O Amigo do Homem”, “A Cigarra”, “O Brasileiro”, “O Publicador Official”, “O Rondante Político”, and “Echo do Norte”. The time frame begins in 1826, with the death of D. João VI, and extends until 1834, the year that marks the end of the Portuguese Civil War. The geographic scope is not restricted to the European context, but also includes Brazil, with a focus on the province of Maranhão, where the effects of the Portuguese succession crisis intertwined with local political disputes. The research seeks to understand how these events were appropriated, debated, and reinterpreted by the Maranhão press, revealing conflicts between social groups identified as "Portuguese" and "Brazilian." The periodicals analyzed reflected differing positions regarding the legitimacy of D. Pedro and the actions of D. Miguel, as well as the impact of these disputes on the political landscape of Maranhão. It concludes that the press played a fundamental role in shaping public opinion and consolidating political identities during the post independence period, acting as an active agent in mediating debates and constructing narratives about the Portuguese succession.