Manejo do teste de oximetria para triagem de cardiopatias críticas: um estudo observacional

Abstract

RESUMO

Introdução: A Triagem Neonatal de Cardiopatias Congênitas Críticas é realizada pela oximetria de pulso, conhecido como Teste do Coraçãozinho e incorporada à atenção à criança entre 24 e 48 horas de vida de forma universal no Sistema Único de Saúde. Para realização do referido teste, as recomendações foram definidas por Portaria Ministerial em dezembro de 2021 e foram atualizadas em 2022 pela Sociedade Brasileira de Pediatria, incluindo novos parâmetros

para a interpretação do resultado do teste. Tendo em vista as atuais recomendações, questiona- se: Quais recomendações são utilizadas pelos profissionais para realização do Teste de

Oximetria ou Teste do Coraçãozinho em um serviço de referência na atenção ao parto, nascimento e ao recém-nascido vinculado à Universidade Federal do Maranhão? Objetivos: descrever o manejo utilizado para realização do Teste de Oximetria de Pulso para triagem de cardiopatias críticas em um serviço de referência para a atenção ao recém-nascido; identificar as não conformidades técnicas e operacionais no manejo do Teste de Oximetria de Pulso; Descrever, a partir, das melhores evidências os cuidados técnicos e assistenciais para qualificar a realização do Teste de Oximetria para Triagem de Cardiopatias Críticas. Metodologia: pesquisa descritiva, transversal e observacional. A observação foi do tipo não participativa apoiada por um check list construído a partir das atuais recomendações da Sociedade Brasileira de Pediatria. Encontra-se estruturado em quatro (04) tópicos e nove (09) itens com ações específicas para a realização do teste. Foram realizadas 86 observações no serviço do Alojamento Conjunto de um Hospital Universitário do Nordeste do Brasil. Cada observação durou no mínimo 8 e no máximo 15 minutos com média de duração de 11,5 minutos. A observação foi enriquecida pelas anotações em diário de campo, realizadas imediatamente após a observação. Resultados: dos neonatos admitidos no Alojamento Conjunto no período do estudo, 70,3% tiveram acesso ao Teste de Oximetria de Pulso e 29,7% deles não realizaram o teste de triagem neonatal. Os testes foram realizados quase que exclusivamente (98,8%) pelo Técnico de Enfermagem sem nenhuma participação dos Enfermeiros do serviço. Dos neonatos que realizaram o teste 93,0% o fizeram em tempo oportuno entre 24 e 48 horas de vida. As não conformidades no manejo do Teste estão relacionadas à técnica e à gestão do cuidado de enfermagem: 7% dos testes foram realizados com mais de 48 horas de vida do neonato; não lavagem das mãos pelo profissional; não certificação de calibração do equipamento; não realização da limpeza dos sensores do oxímetro; condições ambientais inadequadas relativas à temperatura da sala; técnica incorreta no posicionamento dos sensores na pele do neonato; comunicação ineficaz com os pais e a família; interpretação inadequada dos resultados da SPO2; registro dos resultados do teste ocorreu somente após a realização de todos os testes do turno de trabalho; ausência da participação do enfermeiro no planejamento, na gestão, na supervisão e na tomada de decisão; todo o processo, da identificação à liberação dos resultados feita exclusivamente pelo Técnico de Enfermagem; não utilização do prontuário para acesso a informações da díade e registro dos resultados do teste. Conclusão: O rastreamento das cardiopatias congênitas está diretamente relacionado à correta condução do Teste de Oximetria de Pulso. Entretanto, as não conformidades identificadas durante o processo comprometem a eficácia do teste, a qualidade da assistência e a segurança do recém-nascido. Por outro lado, o cuidado em saúde configura-se como finalidade primordial do trabalho do enfermeiro, mas as funções de planejamento da assistência, a execução de procedimentos, incluindo o Teste de Oximetria de Pulso, a supervisão e a coordenação são igualmente importantes.