Análise espacial da mortalidade por câncer de mama em Estado do nordeste brasileiro

Abstract

RESUMO

O câncer de mama é uma neoplasia com grande relevância epidemiológica global, apresentando estatísticas de morbimortalidade preocupantes, sobretudo no público feminino. Há grandes disparidades geográficas nas taxas de mortalidade, nas quais regiões com maior vulnerabilidade socioeconômica apresentam maior risco. No Maranhão, há uma lacuna de estudos que investiguem essa temática, especialmente utilizando técnicas de geoprocessamento. Neste contexto, este estudo teve como objetivo analisar o padrão espacial da taxa de mortalidade por câncer de mama em mulheres no estado do Maranhão, no período de 2014 a 2023, e sua relação com indicadores socioeconômicos. Trata-se de um estudo ecológico cujas unidades de análise foram as Regiões de Saúde (RS) do Maranhão. Utilizaram-se dados de domínio público do Sistema de Informações sobre Mortalidade, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística e do Atlas de Desenvolvimento Humano. A Taxa de Mortalidade Padronizada (TMP) foi calculada pelo método direto, com base na população feminina do Censo 2022. A análise espacial foi realizada por meio do Índice de Moran Global e Local, e a relação entre a TMP, o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e o Índice de Gini foi verificada pela correlação de Spearman. Entre 2014 e 2023, registraram-se 2.504 óbitos por câncer de mama em mulheres acima de 20 anos, com maior frequência entre aquelas na faixa etária de 50 a 59 anos (24,8%; n=620), pardas (58,9%; n=1473), com 8 a 11 anos de escolaridade (31,9%; n=799) e casadas (35%; n=876). A TMP média do Maranhão foi de 10,7 por 100 mil mulheres. As RS com maiores TMP médias no período foram São Luís (22,63), Timon (15,56) e Imperatriz (15,53). Maior crescimento da variação percentual da TMP apresentaram as regiões de Pedreiras (+725%) e Zé Doca (+404,87%), já as regiões de Presidente Dutra (-58,9%) e Santa Inês (- 23,36%) apontaram declínios. Não houve autocorrelação espacial significativa (I de Moran = - 0,140; p = 0,257). A correlação de Spearman não indicou associação estatisticamente significativa entre a TMP e os indicadores Índice de Gini (r = -0,177; p = 0,469) e IDHM (r = 0,386; p = 0,103), entretanto apontou correlação negativa e positiva, respectivamente. Os achados apontaram crescimento das TMP na maior parte das regiões, e, apesar de não ter sido identificada autocorrelação espacial, os fatores socioeconômicos e regionais ainda podem estar influenciando o acesso aos serviços de saúde e revelando fragilidades estruturais na assistência. Portanto, destaca-se a necessidade de políticas públicas mais eficazes e equitativas para aprimorar a assistência oncológica, preventiva e reduzir barreiras geográficas no Maranhão. ABSTRACT

Breast cancer is a neoplasm with significant global epidemiological relevance, presenting concerning morbidity and mortality statistics, especially among women. There are considerable geographical disparities in mortality rates, which regions with greater socioeconomic vulnerability showing a higher risk. In Maranhão, there is a gap in studies investigating this theme, especially using geoprocessing techniques. In this context, this study aimed to analyze the spatial pattern of breast cancer mortality rates in women in the state of Maranhão, from 2014 to 2023, and its relationship with socioeconomic indicators. This is an ecological study whose units of analysis were the Health Regions (HR) of Maranhão. Public domain data from the Mortality Information System, the Brazilian Institute of Geography and Statistics, and the Human Development Atlas were used. The Standardized Mortality Rate (SMR) was calculated by the direct method, based on the female population from the 2022 Census. Spatial analysis was performed using the Global and Local Moran's Index, and the relationship between SMR, the Human Development Index (HDI), and the Gini Index was verified by Spearman's correlation. Between 2014 and 2023, there were 2,504 breast cancer deaths in women over 20 years old. The highest frequency of these deaths occurred among women in the 50 to 59 age group (24.8%; n=620), those identified as mixed-race (58.9%; n=1473), individuals with 8 to 11 years of schooling (31.9%; n=799), and married women (35%; n=876). The average Standardized Mortality Rate (SMR) for Maranhão was 10.7 per 100,000 women. The Health Regions (HR) with the highest average SMRs during this period were São Luís (22.63), Timon (15.56), and Imperatriz (15.53). Regarding the change in SMR, the regions of Pedreiras (+725%) and Zé Doca (+404.87%) showed the largest percentage increases. Conversely, the regions of Presidente Dutra (-58.9%) and Santa Inês (-23.36%) pointed out decline. No significant spatial autocorrelation was found (Moran's I = -0.140; p = 0.257). The Spearman's correlation did not indicate a statistically significant association between the SMR and the Gini Index (r = -0,177; p = 0,469) or the HDI (r = 0,386; p = 0,103). However, it did show a negative and positive correlation, respectively. The findings indicated an increase in SMRs across most regions. Although no spatial autocorrelation was identified, socioeconomic and regional factors might still be influencing access to health services and revealing structural weaknesses in care. Therefore, there's a highlighted need for more effective and equitable public policies to improve oncological and preventive care and reduce geographical barriers in Maranhão.